04 outubro 2019

Jejum

O que é o jejum


     A palavra jejum ou ‘nestéia’ do grego significa abster-se voluntariamente do alimento. O Jejum bíblico para não ser apenas religioso e vazio deve ser acompanhado de oração, adoração, arrependimento, atos de justiça, leitura e meditação bíblica. Em fim, jejum é um ato voluntário de abstinência total ou parcial de alimentos durante um período limitado de tempo, geralmente praticado por razões morais e/ou religiosas.

O povo judeu e o seu jejum


     No judaísmo, a Lei de Moisés estabeleceu o Dia da Expiação, que é o único dia de jejum público estipulado (Lv 16.29 a 31; 23.26 a 32; Nm 29.7 a 11). Contudo, encontramos no AT muitas referencias de jejuns sendo alguns públicos outros particulares. A maioria desses jejuns está ligada à oração (Sl 35.13); ao sofrimento e ao luto (Jz 20.26; 1º Sm 31.13; 2º Sm 1.12); à disciplina da carne e valorização de princípios como a humildade (Ed 8.21); ao arrependimento e confissão de pecados (1ª Sm 7.6; 2º Sm 12.15 a 23; 1º Rs 21.27 a 29; Ne 9.1 e 2; Jl 2.12 e 13) e; ao posicionamento diante de Deus, para demonstrar preocupação por este ou aquele assunto importante (2º Cr 20.1 a 4; Sl 69.10; 109.24; Dn 9.3; Jl 1.14). Caso o jejum não fosse acompanhado de oração, arrependimento verdadeiro, atos de justiça e posicionamento diante de Deus, esse jejum era denunciado pelos profetas como legalista e vazios (Is 5.8; 58.5 e 6; Jr 14.11 e 12).

   Atualmente este dia especial de jejum é conhecido como Yom Kipur ou Ioum Quipúr, Dia da Expiação. No calendário judaico começa no crepúsculo que inicia o 10º dia do mês hebreu de Tishrei (que pode coincidir com os meses de setembro, outubro ou novembro; pois é uma data flutuante), continuando até ao seguinte pôr do sol (um jejum total, mas proibido para crianças, grávidas, doentes e outros. O jejum pode ser interrompido se a pessoa passar mal). Os judeus tradicionalmente observam esse feriado seguindo um período de jejum e oração intensa por 254 horas, uns 15 dias, aproximadamente.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Yom_Kipur.

O povo judeu e o seu jejum na época de Jesus


    Jesus ao ser levado pelo Espírito Santo ao deserto jejuou por 40 dias e 40 noites, lugar onde foi tentado por Satanás. E segundo as Escrituras, também foi servido pelos anjos. O objetivo deste jejum foi uma parte da preparação do ministério formal do Senhor (Mt 4.1 e 2; Mc 1.10 a 13; Lc 4.1 e 2). O número 40 representa propósito diante de Deus, usado comumente pelos judeus daquela época. Já quanto ao jejum ter sido total ou parcial a Bíblia não diz nada, porém afirma que o Senhor não comeu nada. 

     O mesmo aconteceu com Moisés no monte Sinai (Ex 34.28) quando por quarenta dias e quarenta noites não comeu pão e não bebeu água, e ao descer do monte o seu rosto brilhava. Alguns jejuns mais radicais entre os judeus começam ao pôr do sol e terminava ao pôr do sol do dia seguinte. Podia-se comer um pouco antes do início, ou antes, de começar o jejum. E quando o jejum era entregue no dia seguinte, se alimentavam com suco de frutas podendo ou não continuar o jejum. Neste caso é o jejum total. Apesar da importância do jejum, os evangelhos registram que Jesus falou apenas duas vezes a respeito do jejum: 

  1. advertindo Seus discípulos de que ele deve ser um ato particular de simples devoção a Deus;
  2. E para indicar que seria apropriado que Seus seguidores jejuassem depois que Ele os deixasse (Mt 6.16 a 18; 9.14 e 15; cf. Mc 2.18 a 20; Lc 5.33 a 35).


    Existe um acréscimo entre chaves em alguns manuscritos antigos do NT a respeito da oração associada ao jejum como preparação espiritual para expulsar certa casta de demônios, (Mt 17.20 e 2; Mc 9.29) “Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum]. ” 

     Fica claro que o Senhor Jesus Cristo não enfatizou o jejum nem determinou quaisquer regras no tocante à sua observância, conforme João Batista e os fariseus tinham feito para os discípulos deles. Mas em diálogo com a mulher samaritana Jesus afirmou: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”. 

    Desta forma fica claro também, que o jejum cristão é voluntário como ato de devoção a Deus. Ainda que alguma Congregação tenha fixado a obrigatoriedade do jejum, cabe a obediência, porém deve ser oferecido a Deus por livre e espontânea vontade. Ainda, que podemos e devemos associar ao nosso jejum cristão: a oração; o arrependimento e confissão de pecados; a leitura e meditação da Palavra de Deus; atos de justiça e misericórdia; louvor e adoração; disciplina da carne com valorização e busca de princípios como a humildade, perdão, etc.; demonstrar interesse pela vontade de Deus entre nós.

O jejum e os tempos atuais


     Os cristãos atuais têm novamente perdido o sentido real que o jejum possui tal como ensinado por Jesus: Devoção cristã simples, voluntária e ação apropriada do fiel a Deus. Muitos grupos, inclusive carismáticos pentecostais tem ligado o jejum à oração como um meio de se aprofundar a vida espiritual e/ou barganhar favores de Deus. Alguns chegam a afirmar que o jejum e a oração são capazes de mudar a história, ignorando, às vezes, o próprio Apocalipse como vontade de Deus para execução de sua ira conta o mal, a impiedade e a injustiça.

A prática do jejum e seus perigos espirituais


    Qualquer prática religiosa oferece riscos e perigos, não é diferente com o jejum cristão, caso sua prática se desvie da Bíblia. Quando o jejum foge da essência que Jesus ensinou, tal prática pode ser enfatizada a expensas de outro ensino bíblico, em outras palavras,  mau uso do jejum promovendo assim o egoísmo, a religiosidade, etc. São alguns dos abusos denunciados pela Bíblia: jejum como meio para obter coisas da parte de Deus; jejum como substituto para o arrependimento verdadeiro; jejum como uma convenção superficial; jejum como fim em si mesmo, promovendo a religiosidade externa (Is 58; Zc 7.5; Mt 6.16). 

    Também, jejuns com fins de visões induzidas pela própria pessoa, muitas até danosas. Podemos concluir que a oração, a vigilância e o jejum praticados juntos, pelo individuo ou pela Congregação, promovem a vida com Deus. Ele pode ser total ou parcial, desde que seja livre e acompanhado dos princípios bíblicos, Pois, longe do legalismo e da tentativa de manipular Deus, nosso devocional é aceito e se torna algo gratificante.

Referencia Bibliográfica:
  • Enciclopédia – Histórico – Teológica da Igreja Cristã. Walter A. Elwell

    – E / M.
  • Bíblia Interativa – Bíblia em Ação – Pregando com os mestres. 2000. Vida Nova.
Estudo do Pr. Rogério Maia

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